domingo, 2 de março de 2008

...ambiguidades...

Era uma vez, um jovem casal que decide, após alguns anos de namoro, dar o "grande passo". Por falta de diálogo e, porventura, ignorância ou ingenuidade à mistura, toda a carruagem amorosa parece ter desmoronado desde essa altura. E é por haver um que dá tudo de si e outro que recebe tudo do outro, que, actualmente, já nada funciona! Tudo se resume a cansaço, descrença, por um lado, e aborrecimento e impaciência, do outro. O que, talvez, agrava esta situação, são as "crias" do casal, que, inocentemente ou não, acabam por ser o bombo da festa.


É certo que a história de anos não está aí descrita, nem pela metade. Mas, sinceramente, nos dias de hoje, qual acham que seria (ou será) o final desta história? Pois bem, pela sugestão da sociedade, a resposta a esta "retórica" seria divórcio. Mesmo depois de inúmeras visitas a psiquiatras, psicólogos, médicos, padres e outros terapeutas, tudo parece apontar para esse sentido, e porquê? Por sugestão das estatisticas da sociedade actual e pela não tomada de atitude, não uma atitude qualquer, mas sim A atitude. Uma tomada de posição marcante, vincada... Tanto poderia resolver....


O que tem isto a ver comigo? Tudo!

É apercebendo-me destas realidades, e pelo que vou conhecendo de mim que me apercebo que vida de casada não seria, definitivamente para mim. Nestes ultimos tempos tive, é certo, uma necessidade (ou carência?), de ter alguém para mim, aquele, embora a ideia de que namoro também não é para mim prevalecesse. E passo a explicar o porquê de não ser para mim, e de não ter sido até agora.

1º, como muitos me têm questionado face à minha resposta negativa à pergunta "tens namorado?", embora haja namoros homossexuais.... não sou lésbica (ou, como costumo dizer, ainda tenho os meus namoros (três, precisamente) "lésbicos" para assumir) (lol)!

2º Namoro, embora nos dias de hoje pareça uma curte (troca-se de namorado/a como se troca de camisola), algo passageiro, é algo que encaro como muito sério e trabalhoso. E, ao trabalho que nos exige, é necessário sentimento que nos mova, sentimento que compense todo esse trabalho, toda a entrega. - Isto, por si só, explica os "nãos" dados até agora, desculpem-me se não o expliquei bem. Nos dias de hoje, pode-se equiparar o "aceitar namorar" da minha parte ao "aceitar casar" de muita gente.

3º Mesmo que eu pense assim, poucos ou nenhuns serão os que pensam como eu, o que me "desanima" ainda mais.


Corrigindo, talvez não desanime de todo, ou melhor, a todo o momento. Esse desânimo, é, por vezes, uma consolação. "O que não te mata torna-te mais forte". Não sei já onde li isto, mas aplica-se. Nesta "ressaca" de mais um momento menos «in», chamemos-lhe assim, positivamente falando, consigo, mais uma vez, ver como eu própria me coloco nesta posição.


Ambiguidades.... como necessito de ter aquele alguém para mim, bem juntinho a mim, e como, no fundo, não acredito que o possa ter, não o queira ter. Seja quem for. Como me é duvidoso e estranho imaginar-me em tal situação. Sei, estou farta de saber e de "levar na cabeça", que não tenho por que imaginar mas simplesmente sentir.

Ambiguidades.... como "o amor eterno chega a durar 3 meses", como acredito que tudo não passa de ilusões, nada tangível. Como simplesmente, não acredito!

Ambiguidades.... como tanto desejei, após anos de "jejum" voltar a sentir-me viva, apaixonada, mesmo que tal pudesse implicar dor e sofrimento.

Ambiguidades.... como queria que essa paixão fosse natural, sentida, e como me pareceu ter sido uma paixão forçada pela mente, pelo querer. (O que, porventura, terá sido o melhor, na medida em que poderia ser mais facilmente controlada).

Ambiguidades... "como pode ser tão bom esse mal que tu me fazes" (pacman), ou fazias, melhor dizendo.


Apesar da possivel má experiência, o "mal-estar" que todas as minhas estratégias defensivas (o não acreditar, sobretudo, neste tipo de felicidade - ao contrário da maioria das raparigas (acho eu) eu não me imagino nem me vejo casada, por isso, não se espantem se a minha geração se casa a pensar no divórcio, isto é, se se casa de animo leve) não conseguiram evitar, tudo foi bem superado, melhor até do que me julgava capaz. E para minha grande felicidade, o melhor de todos os bens - a amizade - não foi, (espero eu estar a interpretar bem) posta em causa. Posso dizer que tudo se processou com bastante maturidade. E, daí, só posso agradecer com todas as forças e dar o máximo de mim, para que a amizade se mantenha, se construa forte e bela.

Aqui, não há ambiguidades.

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