quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

terríveis dias

Numa altura em que a época natalícia está cada vez mais próxima, o período reflexivo está cada vez mais exacerbado... Não numa forma cínica de entrar no espírito da época, mas porque os desenrolares dos últimos tempos assim têm obrigado... Desde já cerca de doze dias que o espírito, o animismo por estes lados têm estado muito por baixo...E, como reflexo disso, tenho tido, diariamente, uma companhia relativamente desagradável socialmente, mas que, tal como sempre fui dizendo, terapeuticamente, vale bem a pena... Estas lágrimas têm sido fruto de demasiados pensamentos ruminantes, demasiados choques com esta hipócrita realidade, demasiada ausência de valores... demasiada ausência de mim onde seria suposto estar presente... tantos "demasiados" que me levam à fraqueza...fraqueza de não conseguir um ser humano como outrora, relativamente disponível, presente, disposto a dar tudo por tudo para satisfação do próximo... Tenho-me fechado demasiado em mim... simplesmente, não me basta não ser capaz de dar resposta a esses problemas que ia conseguindo colmatar, como consigo a fantástica proeza de ainda os agravar...
Sei que o melhor por estas alturas seria isolar-me um pouco,concentrar-me em mim, naquilo que realmente preciso...reencontrar as minhas forças... mas este contacto com o meu lado profundamente negativo têm levado a egoísta acção de tentar colmatar esta minha necessidade de ser útil ao tentar ser social, ao tentar comunicar com os que me rodeiam... levando, por isso, a um ainda maior descontentamento dessas pessoas que me são tão importantes...
Dou por mim a descobrir um lado negro...que tem perdurado demasiado tempo... muito mais do que o costume...e tem causado danos tais, que nem consigo, neste momento, realmente objectivá-los... Uma boa noite de sono, a minha almofada...já não conseguem ser os meus melhores amigos... Amanhã já não parecer ser outro dia... agora, parece, antes, ser a continuação do terrível dia de hoje... E esse dia já se prolonga por 12 longos períodos de 24 horas...
Posso abrir um buraco negro e isolar-me lá por uns tempos até me reencontrar? Até reequilibrar as energias e consciencializar-me da pessoa optimista e determinada que tenho sido até ao momento? Terei saturado de tanta absorção? Posso lá libertar toda esta minha frustração interior? Porque continuo cada vez mais e constantemente a fraquejar?

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Caminhos divergentes


Eis que surge mais uma batalha... em que o meu coração revolta-se com a razão, por esta ter, em tempos, vingado inoportunamente.
De que me adianta ter aprendido a lição, se se mantém um arrependimento de morte, desta luta razão - coração, por tudo aquilo que não fui capaz, ou, simplesmente, não quis sequer ver...?
E quando todos quanto nos rodeiam, denotam tudo o que não vi, essa amargura aumenta... por não ter dado hipótese, por ter deixado escapar por entre os dedos de ambas as mãos, algo que julgo ter sido tão forte, para, apesar de já (e muito!!) ultrapassado, continuar a ser tão visível...

Tenho medo do amanhã... de me ter falsamente esperançado pelos contornos que aparentemente me sorriem dessa crise. Tenho medo que dela surjam, ao invés, mais razões para continuar a ver-te tão perto, a ter-te tão perto, e simultaneamente tão distante, e continuar a sentir mais e mais saudades de ti. Tenho medo que não possa mais sentir esse cheiro quente, admirar essa fluência, descobrir cada contorno desse rosto... por, altruísticamente, querer que a felicidade acompanhe um de nós, sabendo que não nos poderá abraçar simultaneamente.
Esses quase restos mortais que todos ainda conseguem ver, continuam a esperançar-me para que em dias depois de amanhã, talvez possamos ser abraçados...
Será que quando esse dia chegar, as ruínas desse "algo tão forte", se poderão reconstruír? Será tão robusto quanto já poderia ter sido?
Cada milímetro que consigo mais próximo de ti, é simultaneamente uma derrota e uma vitória...Cada sorriso que desenhas, é simultaneamente um motivo de satisfação e uma gota para que a chama dessa esperança desvaneça...Cada momento, cada pormenor... são, concomitantemente, algo de descomunal contradição, por encerrar em mim duas contraditórias pretensões...
Qual delas preferir, sabendo de antemão, que a maior delas, não poderá (para já?) vingar?
Dilemas... o errado resultado de cálculos temporais que a razão não soube resolver, por não ter pedido as devidas explicações no devido tempo.

Uma verdadeira divergência de caminhos em pleno entroncamento?
E agora que escrevo isto... é mais uma prova do que realmente escondo aqui?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010


No início de uma nova etapa, no fim de mais um ano, começo, desde já, a fazer as retrospectivas. Contra-balanço os supostos desejos declarados no inicio e comparo com aqueles que realmente foram objectivados.

Se 2009 se revelou um ano de grandes perdas, 2010 já me proporcionou imensas conquistas...vitórias. Mas, talvez pelos momentos depressivos que me marcam o arranque desta nova etapa, não consigo preferir a visão do copo meio-cheio e insisto no copo meio vazio. Não relativizo e afundo-me, em pensamentos de outras sintonias, foco-me no que me faltaria para um ano pleno.

E é aqui que entras tu, tu, nós, nós e as saudades de tudo:

- de tudo o que fomos, de tudo o que passamos, desse teu toque forte;

-de tudo o que poderiamos ter sido, desse teu cheiro quente;

-de tudo o que imaginei que poderiamos passar

- Saudades de ti que estiveste aqui, do que passou;

- de ti, que já não podes estar aí para mim;

- de ti, que insistes em não aparecer, embora saiba que não devo insistir em procurar-te, mas faz-me falta alguém como tu, cada vez mais.

Até porque me faz falta que já não possas cumprir a tua nobre função, e que me pese, que me arrependa de sequer ousar pensar e querer que as possas e voltes a cumprir. Todo este dilema, um único desfecho…

Acresce toda esta vivência inútil, que intensifica pensamentos ruminantes, da minha incapacidade de me dar, de ouvir…tantos momentos estranhos e decadentes, num tão curto espaço de tempo… só enaltecem todos estes sentimentos de uma grande inutilidade em que a vida se tornou…

Desta fingida forma de tentar contornar esta angústia crescente… procuro vagamente que a mágoa se esvaia por entre as lentas marés…

E assim continuarei, por períodos indefinidos, ansiando que não se prolonguem nem se repercutam no inicio de novas etapas…